Apropriação Cultural Não É Mimimi

RELab Criativo
3 min readAug 4, 2020

O caso da marca PRADA que vem gerado burburinhos nas últimas semanas pelos internautas, trouxe à tona uma pauta muito necessária, principalmente na indústria da moda, qual seja a chamada e tão falada APROPRIAÇÃO CULTURAL. Vamos entender melhor.

Vamos a um conceito curto e simples, utilizado pelo Catraca Livre:

Apropriação cultural é quando você adota alguns elementos específicos de uma cultura distinta à sua. Por exemplo, formas de vestir ou adorno pessoal (turbantes, tranças), música e arte, religião, língua ou comportamento social (gírias).

Notam-se muitas discussões em torno do conceito, muitas vezes segmentadas por opiniões completamente divergentes, localizadas nos extremos. Empatia e equilíbrio têm sido elementos que necessitam ser construídos neste entorno. E ainda, se assim posso dizer, o assunto, muitas vezes tem sido colocado em pauta com vistas grossas, bastante grossas, por grupos opressores. Até que, sob um olhar da indústria da moda, grandes varejistas, marcas de renome, por exemplo, burlem, apropriem ou destoem contextos culturais ou alguma celebridade traga o assunto como pauta do dia. Quem não lembra do caso “Anitta”? Mas, antes dela, vamos ao caso mais atual: “As sandálias da Prada”!

A famosíssima grife italiana PRADA no seu “Preview” de Lançamento de verão, há algumas semanas, mexeu com os sentimentos dos brasileiros, principalmente com o povo do Norte e Nordeste ao lançar sandálias e bolsas de couro trançadas, muito semelhantes, para não falar iguais, as sandálias que compramos das mãos de artesãos nas feiras no norte e nordeste do país. como uma espécie de “souvenires” por serem a marca registrada da região. A sandália está sendo vendida pela grife italiana a míseros R$ 4.000.00 aproximadamente, o que gerou críticas, ironias e revoltas a celebridades nas redes sociais e principalmente de artesãos regionais, não só brasileiros, mas marroquinos e mexicanos também.

Sim, a realidade de que grandes e renomadas marcas de luxo (Prada, Dior, Carolina Herrera) se apropriam de criações de artesãos regionais com uma injeção sórdida de glamour, com lucros altíssimos em torno de um produto que possui todo um contexto cultural e regional sem sequer mencionar ou dar créditos ou a devida importância a quem se deveria dar. Tomando para si a autoria por aqueles produtos. Bem vindos ao mundo do capitalismo desenfreado!

Mas, e ai? Casos assim continuarão sendo tratados como “MIMIMI”?

Antes de adentrar as regulamentações legais, vamos, em outro esquepe, relembrar o caso “Anitta” como exemplo, em que a mesma apareceu há alguns anos com tranças. afro e também gerou indignação pelas redes, principalmente por parte do povo preto.

Ocorre que apropriação de raízes e culturas dos pretos não devem ser tratadas como “MIMIMI”. Vivemos no país onde há a maior concentração de pretos fora da África e o racismo se prevalece aqui de uma forma tão velada, mas que é verdadeiramente enraizada a ponto de ser cultural. E as críticas. à época, muito legítimas a meu ver, surgiram em torno da via de mão dupla. E se os pretos se apropriassem de culturas e raízes do povo branco? Seriam 2 medidas para o mesmo peso? Muito há que se refletir no que gira em torno do racismo e da apropriação cultural num país marcado por uma história construída violentamente por sangue negro e que possui suas raízes negadas pelos brancos. Em resumo… um país que nega sua história e suas raízes não se conhece!

E ainda, observem que geralmente, grupos que possuem suas culturas exploradas por interessados hegemônicos sofreram opressão num passado, como: pretos, indígenas, caboclos, etc. Pegar “emprestado” sem autorização caracteriza-se nada mais que furto a uma cultura ou de elementos que se da por opressão de uma maioria a um grupo minoritário. A massa esmagando as minorias.

Coluna Direito da Moda, Inclusão e Sustentabilidade: Paty Barbosa

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#PraTodosVerem: Banner em fundo bege, letras em branco, na parte superior a esquerda, escrito: #BlogDaRelab e abaixo a esquerda, escrito: APROPRIAÇÃO CULTURAL NÃO É MIMIMI. Colunista Paty Barbosa.

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